Espectadores
- Visão Jovem
- 10 de fev. de 2018
- 2 min de leitura

A política portuguesa em geral e, em particular, a política regional transformou-se num palco de actores e não de governantes. Parece que já lá foi o tempo em que um bom político era aquele que controlava e prestava contas. Organizava, estruturava e executava. Agora os que melhor se destacam, supostamente pela positiva, são aqueles que mais agilmente despistam as questões que lhes são colocadas, os que se mostram mais simpáticos e os que mais guerras pessoais tentam travar.
Dito isto, não é de estranhar que o povo tenha deixado de acreditar na capacidade e na verdade política. Ao invés de analisar as propostas e execuções políticas, agora concentra-se nas jogadas pessoais e partidárias – assistindo, permanentemente, às exibições que lhes são oferecidas.
Quem serve então os interesses da Região? Os que prometem, ou os que cumprem? É preciso combater a corrupção, exigir a honestidade dos governantes e subordinar a vida pública a valores e a princípios permanentes.
Não nos podemos resignar com a Região tal como ela está. Não obstante, também não podemos sonhar com uma Região utópica.
Todos nós, cidadãos, devemos, dia após dia, combater o que está mal e manter o que está bem.
Não será tarefa fácil conseguir com que os cidadãos se mostrem, novamente, interessados pela vida política da nossa Região - se depois do 25 de Abril não foi fácil um consenso, agora o consenso é o completo desinteresse.
E a quem cabe esta tarefa? Cabe a todos nós cidadãos, particularmente aos cidadãos mais novos.
A política, tal como tudo na vida, nunca irá voltar a ser o que já foi. A política avançou e progrediu. Será que para melhor?
É preciso repensar na forma como se faz política. Não podemos, hoje, querer fazer política como se fazia há 20, 30 anos. É impossível, é incoerente.
O porta-a-porta não basta. O povo está cansado de ouvir promessas iguais, todos os mandatos, em folhetos distribuídos pelas caixas de correio. Novamente, está cansado de serem sempre as mesmas figuras, num jogo de interesses, a tentar aproveitar os melhores poleiros para fazerem os seus ninhos.
É preciso acabar com a política do faz de conta, com a política tachista que vivemos hoje. São precisas caras novas, ideias criativas e vontades próprias. É precisa uma nova geração a fazer política, a demonstrar que consegue fazer melhor do que o que está a ser feito, interessada no futuro da Região e não em estatutos cómodos. Não com o porta-aporta, mas com novas ideias - ideias jovens, revigoradas - que façam com que os cidadãos olhem para a vida política e, principalmente, para a vida pública com outros olhos.
É preciso dar lugar às novas gerações, pois são as únicas que não estão viciadas neste jogo de interesses.
Alexandre Figueira da Silva Correia
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