Jovens desmotivados ou Portugal desmotivante?
- Visão Jovem
- 19 de fev. de 2018
- 2 min de leitura

Pelo mundo fora, os portugueses são considerados um povo trabalhador, empenhado e dedicado, não sendo os jovens exceção à regra. Provavelmente é esta a razão que leva inúmeros países a recrutarem recém-licenciados em Portugal, oferecendo-lhes válidas propostas e valorizando o seu trabalho.
Ora no nosso país, a realidade parece ser diferente, por alguma razão os jovens estão desmotivados.
Porém, quando temos acesso a dados do INE que nos informam que, no ano corrente, “um terço dos jovens portugueses está desempregado” e ainda que, “Portugal é o país da União Europeia onde o desemprego jovem mais cresceu entre Setembro e Outubro” de 2017, podemos pensar que talvez o motivo não sejam os jovens, mas sim o país onde vivemos.
Sendo, Setembro e Outubro, os meses de conclusão do ano lectivo para muitos estudantes universitários, penso que é seguro dizer que, ou não existe necessidade no mercado de trabalho de jovens formados (e todos sabemos que isto é falso) ou, e isto é o mais provável, não há apostas eficazes das empresas públicas e privadas no sentido de oferecer um emprego estável e duradouro aos jovens.
Agora pergunto como pode o meu país, a minha ilha, não me proporcionar condições para que continue a cá viver? Será que terei de seguir as palavras de tantos membros do executivo que repetitivamente incentivam os jovens a emigrar?
Perante esta situação, dou por mim a procurar trabalho, em qualquer lado, tentando esquecer todo o stress acumulado, toda a dedicação, esforço e, não menos importante, todo o dinheiro despendido para que pudesse ter um curso superior.
A verdade é que consegui, e para os números das estatísticas nacionais tudo fica bem, deixei de ser desempregada! Não é na minha área de formação, mas como me dizem muitas vezes, “Já não é mau!”. Pois na minha opinião, é extremamente negativo, ter um país que está deliberadamente a desperdiçar as qualidades e competências de milhares de jovens formados, em trabalhos pouco qualificados.
Não obstante, como eu, ainda há muitos que não são inativos desencorajados, e apesar de tudo continuam esta longa e infrutífera procura. Entregando currículos profissionais em todas as empresas possíveis e imaginárias, fazendo as poucas entrevistas para os quais somos chamados e recebendo o ‘’ Infelizmente não foi o candidato escolhido…’’ sem qualquer outra explicação, e que nos leva a repensar até o mais ínfimo pormenor sobre nós próprios.
E por outro lado aparecem as respostas negativas, porque já não podemos fazer os tão aclamados programas de emprego do Instituto de Emprego. Programas estes, que levam as empresas a conseguir estagiários durante um curto espaço de tempo com poucos ou nenhuns encargos e no final deste período os descartam com a desculpa de que não há verbas para manter aquele posto de trabalho. E voltam, novamente, a recrutar mais um estagiário fazendo disto um ciclo vicioso do qual já não há controlo ou forma de parar.
Pergunto em nome de todos os jovens que não desistem do seu país e que incansavelmente procuram o seu emprego:
- Quando será que os nossos governantes vão começar a apoiar de forma consistente e eficaz os seus jovens? O que é necessário fazermos mais, para termos uma oportunidade?
Mara Patrícia Silva
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