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Política de Juventude, Política de Futuro

  • Foto do escritor: Visão Jovem
    Visão Jovem
  • 29 de jan. de 2018
  • 3 min de leitura


Nunca fui o típico rapaz que desde pequeno fazia discursos na escola, para os amigos. Que acompanhava debates televisivos ou sequer conhecia os agentes políticos. Muito sinceramente, a política para mim não passava de um aglomerado de homens engravatados que surgiam na televisão com frequência, todos falando de forma semelhante, com terminologias semelhantes, com objectivos semelhantes, mas que, por alguma razão, estavam sempre em pleno estado de discordância entre si. Na altura seria um sacrifício tremendo ouvir essa gente falar por mais do que cinco minutos.


A minha relação com a política mudou quando fui para a faculdade. Aos poucos, percebi que não era tão inútil como imaginava, sobretudo para os mais novos. Que é, de facto, um excelente meio para batermos o pé pelo que acreditamos e por aquilo que achamos que deve mudar. Para trocar ideias e sermos ouvidos. Aprendi, sobretudo, que nós, jovens, temos peso na política. Ou pelo menos deveríamos ter.

Volto para a Madeira e dou de caras com uma ilha em que a juventude se encontra concentrada no Funchal ou na sua periferia, porque é aí que todas as oportunidades – ainda que escassas e, na grande maioria, temporárias – se encontram, assim como a oferta de serviços. Uma ilha em que aqueles que fora dela estudam são “encostados à parede”, servindo de ganha pão das companhias aéreas, pagando por viagem um autêntico disparate o ano inteiro. Uma ilha que procura constante desenvolvimento, modernização e reconhecimento internacional através de prémios pomposos e grandes investimentos em campanhas publicitárias, mas cuja rede rodoviária de transportes públicos continua ineficiente, extremamente cara e incomunicável entre diferentes zonas da ilha, ano após ano...

A verdade é que hoje vivemos o descrédito das formas tradicionais de fazer política. Da esquerda para a direita. Todos sofrem, todos se esgotam.


É preciso começar de novo. Sendo certo que tal só será possível através de gente nova, motivada, unida e promovida pelo reconhecimento do devido mérito, recusando terminantemente a promoção a cunho ou fidalga – através da qual tantos políticos medíocres, movidos unicamente pelo bem-estar de alguns, nasceram e cresceram -, fazendo o correto com vista ao bem comum e não a um qualquer cargo num qualquer organismo público. Só assim se poderá credibilizar novamente o sistema político, através de uma juventude competente, reivindicativa, atenta e politicamente activa.

Por sua vez, o actual sistema político regional moribundo terá de entender que só conseguirá inverter a queda para a própria falência no dia em que chamar os jovens a si. Terá, pois, de promover a participação dos jovens, não apenas para os comícios e porta-a-portas – sistemas altamente esgotados, como comprovam os resultados das autárquicas -, mas sobretudo para ouvir e perceber o que está mal, de forma séria e não interesseira.


Hoje, mais do que nunca, é preciso dar espaço à meritocracia, promovendo oportunidades aos que se esforçam e não desistem nem têm medo de apontar o dedo ao que está mal e precisa de ser melhorado, seja qual for a cor do partido que estiver no poder.


Este é o momento da juventude exigir da política e dos seus agentes tanto quanto estes lhes têm exigido até agora.


Uma coisa é certa: no dia em que a política der uma oportunidade séria aos jovens sérios, estará a dar uma importante oportunidade a si mesma.

Gonçalo de Freitas Sousa


 
 
 

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